Entenda as disputas comerciais que acontecem nos bastidores e que afetam a sua conexão com os principais canais de vídeos da internet.
Quantas vezes você já se irritou com a sua operadora ou provedora de internet por apresentar uma conexão ruim? É possível que todo mundo já tenha perdido a paciência, pelo menos uma vez, esperando um vídeo ser carregado no YouTube e ainda assim não conseguir assistir ao conteúdo na qualidade que gostaria. Mas você sabe dizer quais são as razões da lentidão e do atraso na reprodução de vídeos na internet?
De uma maneira geral, costumamos pensar que o problema de transmissão de dados ocorre por uma falha de sinal das prestadoras de serviço a nós, os consumidores finais. O que ocorre, porém, é um pouco mais complicado e envolve questões comerciais entre as provedoras de internet e as grandes empresas de distribuição de conteúdo.
Tudo se resume a dinheiro, é claro. A razão pela qual um vídeo pode demorar eternamente para carregar – apesar de a propaganda abrir instantaneamente – está no valor negociado pelo tráfego de dados entre os servidores e os grandes centros distribuidores. Isso significa, grosso modo, que as empresas provedoras de acesso precisam comprar banda para que seus clientes consigam assistir aos conteúdos de canais como YouTube e Netflix em uma boa velocidade.
Sistema de peering e de tráfego de dados
O núcleo da internet é formado, basicamente, por meia dúzia de datacenters conectados em rede que conseguem se conectar a qualquer ponto do mundo, simplesmente se comunicando entre eles – o chamado sistema de peering. Essas gigantes da comunicação são empresas como a AT&T, a Deutsche Telekom, Telecom Italia e a Verizon.
Provedoras de acesso, de menor escala e volume, negociam com essas gigantes do mercado a utilização de uma parcela da banda pelos seus clientes. É nesse ponto de negociação pelo tráfego de dados que as empresas brigam nos bastidores. A questão começa a complicar quando as partes envolvidas em cada percurso de distribuição começam a ter suas próprias reivindicações por valores e participações.
Entre essas discussões, aparece o debate sobre a distância percorrida por um volume de dados por um servidor intermediário e a entrega do conteúdo por um provedor no final do caminho; afinal, quem deve pagar mais banda a um distribuidor? Frequentemente, o não pagamento de um provedor de acesso a um canal de peering obriga que a sua conexão doméstica procure um sistema de trânsito mais longo para atender a sua solicitação, como assistir a um vídeo, por exemplo.
Rota de acesso
O mesmo ocorre quando as empresas provedoras de acesso se recusam a atualizar os dados de conexão e deixam o tráfego congestionado. Serviços como o YouTube da Google e o Netflix, por exemplo, oferecem armazenamento em cache, perto de centros residenciais, para que os vídeos possam ser acessados com maior velocidade pelos usuários. Porém, se a provedoras não atualizam seus sistemas, o vídeo precisa encontrar outro caminho para chegar até a sua sala de estar.
Conexões de banda rebaixada afetam diretamente o streaming de vídeos porque esses materiais exigem mais tráfego de dados do que qualquer outra atividade na rede. Juntos, YouTube e Netflix respondem pela metade de toda a banda da internet na América do Norte em horários de pico. E, certamente, a lentidão e o atraso para carregar um vídeo tira o consumidor do sério com mais facilidade do que uma página web que não abre.
Quando esperamos o vídeo abrir, impacientemente, na página do YouTube, nem imaginamos quantos acordos e quantos serviços estão envolvidos no processo de distribuição de acesso na internet, mas podemos perceber que, em algum ponto do percurso, alguém está querendo lucrar um pouco mais com a transmissão de conteúdos pela rede.